amor ocasional?E por momentos talvez longos demais, abraçamos mais uma vez a nossa própria solidão.
Há longos anos, talvez todos até, que sorrimos quando queríamos chorar, prendemos quando queríamos libertar.
No início não nos conhecíamos. Agora conhecemo-nos muito pouco. E eu queria mesmo nunca te ter conhecido.
Vivemos longe sempre e demasiado perto por vezes.
És aquela que chega de vez em quando sempre mais tarde que a hora que não marcamos.
Aconteces na minha vida nas sobras das palavras que deixo por escrever.
E ao fim da noite, levas a tua presença e eu fico na cama acordado a tentar não te amar.
E tu não amas ninguém.
Fica o teu aroma a observar-me pelos fios de luz que a persiana mal fechada desenha na parede vazia.
E fico eu ali toda a manhã até acordar, acordado a tentar não te amar.
Não sei o teu nome nem quero saber, não sei quem és ou deixas de ser, não sei se te pago ou voltas por querer, mas sei que não te posso amar.
E nos luares de praia que adormeceste comigo eu fiquei acordado a tentar não te amar.
Não és tu o amor. Tu não amas ninguém.
E quando as noites são muitas sem ti, não tenho saudade nem falta de ti.
Fico apenas acordado a tentar não te amar.
Gustavo Vasconcelos